Lucro Empresarial: Benefícios E Brechas Reduzem Tributação Em Quase 50%

06/11/2023

Estudo Rebate Argumento Sobre Isenção De Dividendos.

Nas grandes empresas brasileiras de capital aberto, a tributação efetiva do lucro é de 18,1%, o que corresponde a quase metade da alíquota de 34% prevista na lei.

No papel, isso significa que o Brasil tem uma das mais elevadas cargas tributárias corporativas do mundo. No entanto, o imposto pago de fato está abaixo da média global de 23,5%.

Dessa forma, o número coloca em xeque um dos principais argumentos usados para justificar a isenção de Imposto de Renda (IR) na distribuição de lucros e dividendos por essas companhias e acionistas.

Essas conclusões fazem parte do estudo "Alíquotas Efetivas e Incidência do Imposto de Renda Corporativo", que foi elaborado pelo Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) e pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP), com apoio da organização social Samambaia.org.

Além da evasão fiscal e decisões judiciais que impactam o pagamento de tributos, a diferença entre a alíquota prevista em lei e o percentual efetivamente pago é explicada pela existência de benefícios fiscais, bem como práticas de planejamento tributário que reduzem a carga dessas companhias.

Além disso, os autores destacam também que a diferença entre carga nominal e imposto recolhido cresceu ao longo do período analisado e que essa diferença é maior em alguns setores do que em outros, criando um grupo de empresas mais privilegiadas.

Um dos objetivos do trabalho é servir de referência para as discussões sobre a reforma do IR, elaborada pela secretaria extraordinária do Ministério da Fazenda que trata do tema.

O governo pretende reduzir a alíquota de 34% dos tributos sobre o lucro corporativo e cobrar o IR na distribuição de lucros e dividendos.

Uma parte dessas mudanças já está em discussão no Congresso Nacional, e trata-se da proposta que reduz o impacto de benefícios estaduais sobre a arrecadação federal.

Outro ponto é a revisão de brechas e benefícios, o que reduziria a complexidade, os custos associados às exceções e a pressão para ampliação de regimes especiais com carga tributária reduzida, como o lucro presumido e o Simples Nacional.

Entre os países da OCDE, por exemplo, a soma das alíquotas do imposto sobre o lucro das empresas e dos dividendos supera 40%, na média.